2020 traz consigo a agenda eleitoral. Devemos desde já começar a trabalhar nossas escolhas a partir de nossas perspectivas e anseios enquanto cidadãos.

Esse trabalho envolve avaliar pessoas e suas gestões. Daí porque é inevitável fazer uma retrospecção da gestão do atual prefeito. Na questão do direito constitucional ao transporte e falar de transporte importa em discutir mobilidade urbana, esse sistema complexo que contempla todos os meios de transporte.
Desde o início da gestão de Arthur Neto (PSDB-AM) em 2012 foi prometida a construção de 80km de ciclovias, o que permitiria iniciar a busca por uma cidade mais ciclável, humanizada e democrática. A promessa foi um início promissor num ambiente onde a bicicleta nunca foi debatida como política pública e as esperanças acenderam, afinal, tínhamos um gestor que pedalava, experiente, diplomata, viajado e, portanto, conhecedor de políticas globais de mobilidade sustentável.

Oito anos se passaram e no que evoluímos? Praticamente nada!

Com exceção da ótima campanha de proteção ao ciclista realizada em 2017, mas que logo em seguida foi descontinuada, pouco foi feito. Nesse cenário contabilizaram-se 25 mortes desde 2013, menos de 40km de infraestrutura cicloviária desconectada, sendo que a maioria é composta de ciclofaixas ou ciclorrotas, nenhuma fiscalização eletrônica, vias rápidas, trânsito hostil, fim do sistema de bicicletas compartilhadas, poucos projetos de lei envolvendo a bicicleta, total desrespeito ao ciclista, enfim, a capital da maior floresta tropical do mundo ganha o título de pior capital do Brasil para se pedalar, segundo os estudiosos da área.

A Manaus que deveria ser um exemplo e referência em mobilidade urbana sustentável, se apresenta de forma contrária a toda tendência mundial. Pouca arborização, muito investimentos em asfalto, obras apenas para carros, vias com velocidades excessivas, nenhuma priorização do transporte público, da bicicleta e tão pouco do pedestre.

Então, vem a pergunta: Os gestores conhecem as soluções, há vários exemplos no Brasil e no mundo e o que falta para que a mudança seja iniciada?

VONTADE POLÍTICA!!!!

É desolador chegar ao final de uma gestão de 8 anos tendo de concreto tão somente a promessa assumida lá atrás. É desolador perceber que ainda alçamos a cargos públicos políticos que não se preocupam realmente com a população e suas demandas e sem nenhuma visão humanística.

Vamos avançar por mais uma década marcados pelo que não aconteceu e pelos insucessos – apenas promessas de ciclovias, fim do Manobike, descontinuidade das obras da ciclovia Boulevard / Ponta Negra, ciclovia das Torres e outras que não saem do papel, descumprimento do plano de mobilidade que determina a priorização da bicicleta, bicicletários nos terminais, descontinuidade das campanhas de sensibilização – mas dispostos a encarar a luta por uma Manaus mais humana nas ruas e não permitir que Manaus se torne uma cidade proibida para ciclistas.