Por Ricardo Braga-Neto
“SELVA!”, ecoou na mata o grito de guerra dos soldados do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), entoado por mais de 200 atletas que se preparavam para encarar o XTerra Brazil, uma prova de triathlon realizada na Amazônia (dentro da floresta) no dia 11 de junho. A competição, que ocorreu em Manaus em uma área do CIGS conhecida como “Quadrado maldito”, consiste de 1,5 km de natação no igarapé Mainã no Lago do Puraquequara, seguido de 30 km de mountain bike em estradas de barro com pontes rudimentares e trilhas com muitas raízes e troncos caídos, terminando com 9 km de corrida, metade deles dentro da floresta, o que exige muita técnica e resistência dos participantes.
A prova já é a maior competição da modalidade no Brasil e esse ano foi promovida a ser uma etapa do circuito mundial, o que atraiu o interesse de atletas da elite profissional de vários países. O apoio de Fabrício Lima, Secretário Municipal de Desporto, Lazer e Juventude de Manaus, foi determinante para a realização da competição. A amplidão da região oferece muitas possibilidades para o triathlon crosscountry, mas a facilidade de acesso à área da prova somada à infraestrutura e ao apoio do exército foram fundamentais para a vinda de atletas de fora e a competição em um ambiente preservado.
“A sensação de competir em plena floresta amazônica é quase surreal, o clima é único e quase impossível de outra prova conseguir isso”, elogia Liege Carolina de Souza, atleta catarinense da elite feminina. A estrutura da prova foi determinante para a experiência vivenciada pelos participantes, muitos deles não conheciam a Amazônia de perto. “Estamos interagindo diretamente com a natureza, então é ainda mais fácil criar consciência sobre o quanto é importante preservar, até porque se não cuidarmos, as provas no meio da floresta vão acabar”, destaca Liege.
A Amazônia, a maior extensão de floresta tropical do planeta, representa oportunidade única à sociedade de conciliar desenvolvimento com conservação e o triathlon crosscountry tem potencial para contribuir à manutenção da floresta em pé. “Não tem como dissociar a modalidade da natureza. O esporte vem crescendo muito e os atletas são formadores de opinião, servem de exemplo. Temos que usar esta força em favor do meio ambiente”, observa Felipe Moletta, atleta brasileiro da elite que competiu pela primeira vez na Amazônia. Além do triathlon, o XTerra Brazil contou com uma modalidade de corrida para crianças e uma corrida noturna. Ano que vem tem mais.