O clima em Belém é quente e úmido, tipicamente equatorial, influência direta da floresta amazônica, onde as chuvas são constantes. O índice pluviométrico é de 2889 mm(ano) e as temperaturas podem chegar a 41 graus, porém a temperatura média anual é de 32 °C.

Apesar do clima, das chuvas e do calor, a bicicleta faz parte do cotidiano de vários habitantes, principalmente os de baixa renda e que moram em bairros mais afastados do centro. É comum ver na cidade grandes deslocamentos de ciclistas rumo ao centro nos horários de rush (06:30h – 08:30h) e no sentido contrário no final do dia. Outra questão interessante é que bancos, farmácias, supermercados e até shoppings já possuem bicicletários para receber estes ciclistas.

Belém possui 33,18 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas. As maiores delas com 13km e 15km de extensão. Além da malha existente, ainda serão implantados mais 17,25 km de ciclovias. Além das ciclovias, a Prefeitura de Belém está executando obras para construção de ciclofaixas de 5 km de extensão.

Apesar da bicicleta estar na agenda da prefeitura e estado, de ser encarada como meio de transporte e fazer parte da rotina da cidade, ainda faltam campanhas educativas para motoristas e até mesmo para os ciclistas. É comum observar ciclistas trafegando sem itens de segurança, na contra-mão, em calçadas, etc. Os motoristas também desconhecem a legislação referente a bicicletas.

Um outro ponto que também deve ser melhorado é a interligação e conservação das ciclovias e ciclofaixas. Hoje a maioria não possui interligação e além da integração entre a estrutura de ciclovias já existente, é preciso criar outros mecanismos para incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte diário, com melhorias no sistema de transporte público e da estrutura necessária para o deslocamento de ciclistas com segurança na cidade – o que não se restringe à criação de ciclovias e ciclofaixas e passa também pela sinalização das vias usadas como rota por ciclistas.

Segue abaixo um artigo que retirei do jornal “ O Liberal” – 22 de setembro de 2011

Belém tem condições favoráveis para a criação de um sistema eficiente de ciclovias. Há avenidas largas, aptas a receber corredores para ciclistas, mas ainda existem alguns problemas que precisam ser contornados. A criação de ciclovias pode não agradar de imediato a quem perde a vaga de estacionamento na porta de casa, mas quando a ação começa a reduzir os congestionamentos naquela via, há um retorno positivo. É preciso comprar essa briga. Vale nessa hora aquele ditado que diz que não se faz um omelete sem quebrar alguns ovos.’

A Prefeitura de Belém promete interligar os trechos já construídos de ciclovias e ciclofaixas de Belém e expandir o acesso dos ciclistas a bairros mais afastados do centro, ainda não atendidos por nenhum tipo de estrutura cicloviária. Ainda não é possível, por exemplo, seguir do Ver-o-Peso ao Jurunas sem passar por vias sem sinalização que indiquem a presença de ciclistas. A bicicleta é meio de transporte diário para milhares de belenenses. Gente que atravessa a cidade pedalando para ir e voltar ao trabalho, se aventurando em meio a carros e ônibus. Não por consciência ambiental, ou por respeito às metas de redução de emissão de carbono na atmosfera. Muito menos para promover a melhora do trânsito caótico de Belém. O principal motivo de quem sai de casa mais cedo e dispensa o transporte coletivo é o custo que ele representa no fim do mês.

O faxineiro José Maria da Glória Nascimento, de 28 anos, afirma economizar até R$ 80 por mês. Ele mora no bairro do Guamá e percorre em média 7,6 quilômetros entre a casa e o trabalho, no Reduto. São 40 minutos de bicicleta, avançando no meio de avenidas movimentadas e disputando espaço com carros. A esposa e os dois filhos de José Maria também usam a bicicleta como principal meio de transporte e se sujeitam, todos os dias, aos riscos do trânsito violento de Belém. Dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) apontam que, de janeiro a maio deste ano, 167 ciclistas saíram feridos em acidentes de trânsito em Belém. Quatro deles morreram. No Pará, foram 388 ciclistas feridos. Destes, 31 foram vítimas fatais.

INTEGRAÇÃO

O projeto ‘Ciclovias: alternativa de transporte para uma Belém sustentável’, em fase de discussão com a Ctbel, sugere seis ações principais. São elas: a revitalização das sinalizações nas ciclovias e ciclofaixas existentes e a implantação de um sistema de conexão entre ciclovias e ciclofaixas já existentes. A primeira etapa permitirá, de acordo com o projeto, acesso de ciclistas ao distrito de Icoaraci sem que seja necessário o deslocamento pela avenida Almirante Barroso. Seriam implantadas ciclofaixas na avenida Doutor Freitas, no trecho da avenida Marquês de Herval até a Protásio Lopes de Oliveira.

Outro objetivo é fazer a ligação através da Doutor Freitas até a ciclovia da avenida Júlio César. A conexão permitiria acesso a ciclistas que percorrem a avenida Independência até a ciclovia na Júlio César. A Ctbel também pretende orientar os agentes de trânsito para o cumprimento do Código de Trânsito, que prevê proibição do estacionamento de veículos nas ciclofaixas já existentes e respeito ao ciclista.

O projeto prevê ainda uma discussão, junto ao Detran, sobre a inclusão obrigatória de orientação aos motoristas quanto às regras de proteção e respeito aos ciclistas no trânsito. Completam os objetivos a implantação de campanhas de educação, tanto para motoristas quanto ciclistas, esclarecendo direitos e deveres de acordo com o Código Nacional de Trânsito; e a contratação de empresa de consultoria para subsidiar a implantação do corredor cicloviário, ligando toda a cidade de Belém.