Em 21/07/2017 a Lei 072/2017 que cria o dia Municipal do Ciclista foi sancionada pelo prefeito Artur Virgílio, que na ocasião declarou: “É um incentivo para que se crie condições melhores para o uso da bicicleta como modal de transporte, como divertimento ou esporte. A bicicleta deve ser incorporada à vida de todos nós, assim como acontece na Europa e nos mais avançados centros urbanos do mundo. Queremos que essa data sirva como lembrete do respeito ao ciclista no trânsito, do respeito à vida”.
A data é realmente simbólica e constar no calendário oficial do município um dia para lembrar do usuário da bicicleta é uma homenagem justa a quem só promove o bem estar para a cidade, para o meio ambiente e para a própria saúde.
A notícia ruim e que merece ser lembrada neste dia, é que os avanços esperados e condizentes com a fala do Prefeito quando sancionada a lei, ainda não vieram. Nem vamos lembrar da promessa de 2012 de construir 20km de ciclovia a cada ano de governo, vamos analisar apenas os avanços e quais incentivos os usuários da bicicleta receberam após referida lei.
Mais antes vamos apenas recordar que, contra os 120 km de ciclovias que poderíamos ter até este 6o ano da gestão atual, segundo a Prefeitura, a cidade de Manaus possui um pouco mais de 30 km de infraestrutura estrutura cicloviária, o que com algum esforço é possível crer, desde que se leve em consideração quilômetros ida e volta de ciclovias desconexas e as ciclorrotas do centro instituídas com o Manôbike, além daquelas pintadas dentro de parques, como a dos bilhares, por exemplo.
Mas ainda que se leve tudo isso em consideração, é muito pouco, aliás é quase zero quando se compara ao risco que é pedalar numa cidade como Manaus, sem fiscalização de trânsito, sem radares e redutores de velocidade, com uma taxa de motorização altíssima e motoristas beirando a loucura num trânsito rápido e caótico.
Mesmo assim, nem a ausência quase total de políticas de incentivo ao uso da bicicleta após a promulgação da lei, tem desestimulado a população, sendo que é cada vez maior o número de ciclistas nas ruas, seja por opção, seja por necessidade, face à decadência e custo alto do transporte público e todas as demais problemáticas relacionadas à mobilidade urbana.
Nesse enredo não é difícil concluir o quanto de demanda reprimida há na cidade e quantas pessoas usariam a bicicleta caso se sentissem mais seguras no trânsito. A Pesquisa Nacional do Perfil do Ciclista Brasileiro de 2018 ilustra isso. Os dados mostram que 40% dos ciclistas pedalariam mais se houvesse mais segurança e 48% se houvesse mais ciclovia.
Portando, infelizmente neste dia não temos muitos avanços a comemorar, mas temos a lembrar o quanto é importante não desistir, seja pelas pessoas que tem na bicicleta seu único meio de transporte, seja por aquelas que um dia sonham em se livrar da ditadura do carro e seja por nós, que temos amor por isso e acreditamos no poder transformador da bicicleta para as pessoas e para as cidades.
Parabéns pelo dia ciclistas! Vocês merecem!