A nova pesquisa traz dados sobre o uso de bicicletas no centro de Manaus

No dia 03 de agosto de 2017, o Pedala Manaus realizou mais uma contagem de ciclistas e desta vez o local escolhido foi o centro, no cruzamento entre as ruas Sete de Setembro e Epaminondas, onde foram contabilizadas 560 viagens de bicicletas durante 12 horas de contagem.

Historicamente a região apresenta um movimento intenso de ciclistas, principalmente aqueles que usam a bicicleta como ferramenta de trabalho. O levantamento aconteceu entre as 06h e 18h analisando as direções, sentidos de origem e destino, tipo de bicicleta, gênero do ciclista, utilização da bicicleta e o uso do capacete.

Para a contagem, foi adotada a metodologia da ONG Transporte Ativo do Rio de Janeiro, contando os ciclistas de forma manual e fotográfica. Nesse formato é possível também observar o comportamento dos ciclistas.

Foi constatado que 81% dos ciclistas usam a bicicleta como ferramenta de trabalho, principalmente para realização de entregas, transporte de mercadorias e venda de alimentos. Para esse uso, 45% eram triciclos e 15% cargueiras, evidenciando assim a vocação dessas bicicletas para a região. Também se observou que 99% dos ciclistas eram do sexo masculino e que apenas 2% usavam capacete.

Na análise do fluxo dos ciclistas, 37% transitaram na Rua Sete de Setembro, enquanto que 35% e 28% transitaram na Rua Epaminondas e na Rua 15 de Novembro.  A rua Epaminondas foi a origem de 35% das viagens sendo também o destino de 34% das viagens. 28% das viagens tiveram origem na Rua 15 de Novembro e a Rua Sete de Setembro sentido Eduardo Ribeiro foi destino de 28% das viagens.

Os horários de picos foram entre 09h e 12 horas pela manhã e 12h às 15h no período da tarde evidenciando a bicicleta como meio de transporte para os serviços de entrega. A predominância de cargueiras e triciclos reforça a constatação que as bicicletas nessa região tem uma função de distribuição e logística, o que pode ser um grande incentivador para estimular o uso desse modal por pequenas e médias empresas, e assim desafogar o trânsito da região com veículos de carga.

Outra constatação foi a não utilização da rede de ciclorrotas do centro. Por não serem funcionais e por estarem ocupadas com carros estacionados, elas se mostram inacessíveis e pouco eficazes, além de não terem espaço adequado para circulação de um triciclo ou de uma bicicleta cargueira, fazendo com que os ciclistas prefiram circular nas ruas, o que também é um direto e está previsto no CTB.

Uma realidade que pudemos apurar de quem usa a bicicleta no centro da cidade é a de que ela ainda é considerada uma intrusa no trânsito. Risco de acidentes por excesso de velocidade, pressa, motoristas agressivos e impacientes foram comportamentos presenciados constantemente durante toda a pesquisa.

 

A pesquisa mostra que a bicicleta é realidade no centro da cidade e uma ferramenta importante na economia local em face da predominância das bicicletas cargueiras e triciclos de entrega, sendo urgente uma política consistente de proteção ao ciclista e incentivo ao uso desse modo de transporte, em especial para desocupar o centro da cidade tão intensamente dominado pelos carros.

 

Medidas como a implantação e melhoria da estrutura cicloviária (paraciclos, bicicletários, ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas), implantação de pontos de apoio ao ciclista, campanhas educativas permanentes, integração com o transporte público entre outras são essenciais para que tanto o centro como a cidade de Manaus  inteira tenha um trânsito mais humanizado e democrático.